Gomes de Amorim não era, fez-se. Foi, acima de tudo, um autodidata. Estudou sem descanso.
E para ganhar o pão de cada dia, aguentou homéricas fadigas. Volvidos vinte anos sobre o seu regresso ao Brasil, considerava-se um homem gasto, alquebrado pela doença – não uma, mas uma porção delas: lesão cardíaca, doença na espinha, ataque de gota cerebral. Não lhe sendo possível trabalhar, resolveu desfazer-se dos livros, gratíssimos companheiros. Mandou-os para o Rio de Janeiro, onde foram leiloados, adquiridos por amigos e admiradores de Amorim, que tomaram a simpaticíssima decisão de lhes devolverem, e mais, acompanhados da quantia por que os haviam comprado.
Amicus certus in re adversa cernitur.
Os amigos de Gomes de Amorim, portugueses e brasileiros, eram amigos verdadeiros.